terça-feira, 24 de agosto de 2010

O Espetáculo

E lá estava eu muito feliz e contente, só que passando o maior frio. Na verdade estava lá sim, mas cansada, com sono e estressada, e olhe que fazia meia hora só que estava no meu posto, só esperando começar a palhaçada pra sair depois de umas 11 horas de trabalho.

O fato é que fazia frio, minhas calças eram um pouco mais curtas e entrava um ventinho passando fino nas canelas. O silêncio que eu queria aproveitar como se fosse experimentá-lo pela última vez e o tédio amargo ao que já estou acostumada nesses dias de ”circo”. Mas não demorou muito para esquentar, de repente me subiu um calorão. Não, não tem nada a ver com atração física, percebi que havia esquecido minha bolsa em algum lugar há um hora atrás, bastou isso para aumentar consideravelmente a temperatura das minhas bochechas e na mesma proporção sua tonalidade que em estado normal é ligeiramente avermelhada. Por sorte uma pessoa de confiança a encontrou e guardou pra mim.

Estava tudo correndo normalmente no picadeiro... a competição feminina referia-se ao vestido mais colado, o cabelo mais platinado, o silicone "mais importado” e o grau de peladeza. A competição masculina era menos evidente, sobre o maior bíceps, as maiores tatuagens, o bronzeado mais estonteante. Mas tanto os homens quanto as mulheres usavam perfumes incríveis, adoro esses perfumes que eles usam... Uma vez atendi um moço... o cheiro dele era algo indescritível, só sei que nunca mais esqueci daquela sensação embriagantemente maravilhosa que provei ao exalar cada nota dos óleos essenciais que compunham aquela obra-prima perfumal.

No meio da noite aconteciam coisas engraçadas e outras irritantes, o de praxe... consumidores de TridentE (que me lembra o dialeto excêntrico do pessoal colono da minha terra, que a propósito me diverte muito), sem falar nos que têm preferência por um sabor em especial... o FreshE MintE. Também tem outros clientes... os que fazem perguntas “inéditas”, que respondo com a afirmação “direto no bar”... até hoje nenhum deles deixou de me perguntar “direto no bar?” logo após eu ter respondido.

Você responde “direto no bar” e eles te perguntam “direto no bar?”... haja tolerância. Cara, se eu falei que é direto na droga do bar é porque é direto na droga do bar. Claro que eu não falo, só penso, mas me dá uma vontade de falar que nem queira saber.

Um comentário:

  1. Típico de mulher, bem mulher. Vocês reclamam, se apaixonam, se estressam num mesmo texto, é impressionante essa bipolaridade textual. Não é uma crítica, é um elogio, que fique bem claro. Acho que deixou nesse texto toda essa essência, por exemplo, quando vcs perdem algo que para nos (homens) parece tão fútil, uma bolsa, claro, devia haver documentos e dinheiro, mas se bem conheço a própria bolsa não era menos importante. Ah, mulheres e perfumes masculinos, como vcs gostam, algumas chegam até a comprá-los para si, enfim, sem mais delongas, parabéns.

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